Resenha: As Brumas de Avalon Vol. 2

Editora: Imago
Autor: Marion Zimmer Bradley
Número de páginas: 232
Avaliação:
(Skoob)

Atenção: Se ainda não leu o primeiro volume, devo advertir sobre perigo de spoiler!

Sinopse

Em As Brumas de Avalon, Marion Zimmer Bradley reconta a lenda do rei Artur, descrevendo os seus esforços para unificar a Bretanha contra a invasão Saxônica, a partir da perspectiva das poderosas mulheres do reino de Avalon e Camelot.

Mesmo aqueles que normalmente não gostam das lendas de Artur irão se encantar com as mulheres por trás do trono.

Morgana e Guinevere lutam pelo poder, usando Artur para promover as suas respectivas visões de mundo. As intrigas e a política do reino de Camelot descritas em As Brumas de Avalon se passam quando o Cristianismo começa a dominar a ilha-nação da Bretanha estabelecendo o conflito com os cultos pagãos.

 Resenha   

Em Brumas de Avalon Vol.2 os eventos começam a se complicar. Morgana que no final do livro anterior havia fugido de Avalon grávida, vai morar com sua tia. Morgause  começa  levantar suspeita de quem seria o pai, e  por ter vestígio ainda da visão acaba descobrindo após o parto a identidade da criança: filho do rei Artur. Morgause ,possuída de interesses para com a criança,  toma para si o menino. Morgana talvez ingênua ou, com certo tipo de receio por esse filho ser de seu irmão, aceita. Boa parte da narração fica por cuidados da esposa de Artur, Gwenhwyfar. Com uma fé exarcebada no cristianismo, a rainha tenta inúmeras vezes persuadir ao rei quanto a abominar os ritos pagãos de suas terras. Artur, ciente de suas juras, enfrenta sua esposa, porém deixa-se levar em alguns momentos, resultando o rompimento de acordos estabelecidos entre ele e Viviane(Sacerdotisa de Avalon). Vários acontecimentos são desencadeados por conta da infidelidade de Artur e sua falta de gratidão por aqueles que o colocaram no trono. Como havia falado na antiga resenha, não estava empolgado com a história, porém, a partir do segundo livro acontecimentos excitam a mente do leitor levando-o a se perguntar: Qual será o desenrolar da história? Houve muitas passagens que me chamaram atenção, porém irei citar apenas algumas. Merlim (pai de Igraine) continua sendo um dos meus personagens prediletos, seus diálogos com o bispo são extremamente inteligentes levando o leitor a desenvolver visão crítica a respeito dos acontecimentos. Em diversos momentos percebi que Gwenhwyfar fica alternando, em um conflito interno, a respeito do que é certo ou errado. Em certas ocasiões ela deseja ser igual à Morgana, livre e decidida, e em outras abomina completamente as práticas pagãs. Parece que ela anseia a liberdade das mulheres na religião não cristã, mas também ela não quer se desapegar de sua fé religiosa. Para mim Gwenhwyfar constitui uma das personagens mais irritantes do livro. Segue um trecho que achei de suma importância cita-lo:

    “Gwenhwyfar pensou que sufocaria de raiva. Mas não, não devia ficar irada, não era correto; a madre superiora lhe dissera no convento que a tarefa da mulher era casar e ter filhos. Ela desejara ser freira e permanecer no convento, aprendendo a ler e fazer belas letras com a pena e o pincel, mas isto não era para uma princesa. Tinha de obedecer ao pai como se fosse a vontade de Deus. As mulheres precisavam ter um cuidado muito especial em fazer a vontade de Deus, porque foi por meio do pecado da mulher que a humanidade caiu no Pecado Original, e todas deviam saber que tinham de trabalhar para redimir este pecado no Éden. Nenhuma mulher, com exceção de Maria, mãe de Cristo, podia ser realmente boa: todas as outras eram más, nunca tiveram oportunidade de ser outra coisa. Era o castigo da mulher por ser como Eva, pecadora, cheia e ódio e rebeldia contra a vontade de deus.”

    Essa transcrição me chamou muito atenção, pois ainda hoje algumas mulheres se sentem diminutas diante de homens, se considerando fracas e não dotada da capacidade de resistência, deixando ser guiadas por vontades alheias. Essa obra sem dúvida deve ser lida por todos que apreciam literatura de qualidade.